Parkinson
A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa que afeta o Sistema Nervoso Central. É caracterizada principalmente pelos seus sintomas a nível motor como a rigidez articular e muscular, tremores, bradicinesia (dificuldade em iniciar e lentificação de movimentos voluntários) e falta de equilíbrio, tendo assim um grande impacto a nível da qualidade de vida. Felizmente a Fisioterapia tem boas ferramentas que podem ajudar na maximização da qualidade de vida das pessoas diagnosticadas com Parkinson.

O que é, como se desenvolve e como se caracteriza:
Qualifica-se por uma doença neurológica crónica e progressiva, que resulta na inibição defeituosa de alguns dos núcleos da base (centros importantes no planeamento e controlo de movimentos, assim como nos processos cognitivos e emocionais) pela substantia nigra. Nesta doença existe uma deficiência da dopamina, que é um neurotransmissor inibitório produzido pela substância referida, em que as células que contém melanina degeneram, levando a uma perda de pigmento. Estas lesões levam a um leque de doenças funcionais características. Os movimentos tendem a ser atáxicos (sacudidos) e dismétricos (excessivos, por exemplo, ultrapassar ou desviar-se de um ponto que se tenta tocar com o dedo). Movimentos alternados como rodar o punho ou dobrar a perna são realizados de forma grosseira. Pode haver também nistagmo, que consiste num movimento constante dos olhos. O tremor cerebeloso é um tremor intencional, isto é, quanto mais se tenta controlar cuidadosamente um certo movimento intencional, maior se torna o tremor. Por exemplo, quando o utente tenta beber um copo de água, quanto mais o copo se aproxima da boca mais acentuado é o tremor.
Epidemiologia:
A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, afetando cerca de 1.6% a 1.8% da população com mais de 65 anos, onde o sexo masculino tem ligeiramente maior prevalência. A prevalência aumenta com a idade, com a maioria dos casos diagnosticados após os 60 anos. A média de idades da manifestação da doença é de 61 anos, no entanto, até 13% dos casos pode ser descoberta antes dos 50 anos de idade.


Fatores de risco:
O desenvolvimento da doença de Parkinson ainda não é totalmente compreendido, mas pesquisas sugerem a combinação de fatores genéticos e ambientais. Estudos científicos atuais evidenciam a interação entre fatores hereditários e exposição a toxinas ambientais, como herbicidas, pesticidas, águas contaminadas e tabaco podem desempenhar um papel importante na neurodegeneração observada na doença.
Impacto da DP na qualidade de vida:
A DP pode ter um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas afetadas. Os sintomas motores já referidos dificultam tarefas diárias básicas, como andar, vestir e alimentar. Além disto, a perda de equilíbrio e a diminuição da destreza manual podem levar a quedas e lesões músculo-esqueléticas. Os sintomas não motores, como depressão, ansiedade, distúrbios do sono e dificuldade de comunicação, contribuem também para a redução da qualidade de vida e interação social.

Tratamentos médicos
A DP pode ser tratada pela levodopa (fármaco do grupo doa antiparkinsónicos) que é percussora da dopamina ou, ainda mais eficazmente, pela combinação de levodopa e carbidopa. A carbidopa é um inibidor da descarboxilase, que impede que a levodopa seja absorvida por tecidos que não os Sistema Nervoso Central. No entanto, devido aos efeitos secundários do tratamento prolongado com levodopa, outros estimulantes da dopamina estão em investigação.
Foi também descoberta uma proteína, o fator neurotrófico derivado da linha de células gliais (GDNF) que promove a sobrevivência seletiva dos neurónios secretores de dopamina. Também a estimulação crónica do globo pálido (Estimulação Cerebral Profunda) com um gerador elétrico de pulso tem algum sucesso, sendo aqui importante que seja realizada uma triagem por um médico especialista de modo a determinar quem poderá realmente vir a ter sucesso e beneficiar com o tratamento.
Papel da Fisioterapia
A fisioterapia tem um papel fundamental no controlo da DP, a qual visa melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade das pessoas, atrasando assim os efeitos negativos e progressivos da doença. A fisioterapia utiliza uma variedade de técnicas e abordagens para responder às necessidades individuais de cada pessoa onde se pode incluir exercícios de fortalecimento muscular, treino de equilíbrio e marcha, exercícios aeróbicos, alongamentos e técnicas de relaxamento muscular.
É essencial também ao fornecer orientações sobre quais as melhores estratégias de minimização de risco de quedas e na maximização da independência nas atividades da vida diária, como por exemplo no momento de escolha de certos dispositivos auxiliares, como andarilhos, bengalas e cadeira de rodas, de modo a melhorar a mobilidade e a segurança de cada pessoa contribuindo assim para melhor qualidade de vida.
Referências:
(Ellis et al, 2021) – doi: 10.1055/s-0041-1725133
(Tysnes & Storstein, 2017) – doi: 10.1007/s00702-017-1686-y
(Caballero et al, 2018) – doi: 10.3390/ijerph15122885
Vasco Oliveira – Fisioterapeuta
Cédula Profissional nº2240